segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Amigos do BSFC: e o bom senso?

Carta ao Bom Senso Futebol Clube

Caros amigos do BSFC:

De cara apresento-me dizendo que não passo de um Zé-ninguém para o futebol. Nunca ganhei um centavo sequer com o esporte, apenas gastei muito se olharmos o quanto tempo (e de maneira intensa) já dediquei-me a ele -- desde meus 7 anos (hoje tenho 31) -- e com produtos como ingressos, camisas e assinaturas de TV; mas mesmo assim gostaria que vocês lessem esta minha humilde carta até o fim.

Sabe, quando eu era criança/adolescente olhava apenas para as quatro linhas e a paixão pelo meu time e também pelo futebol eram magias que transformavam o meu mundo em mágica. Eu queria cortar o cabelo igual o Neto, gravava os gols do Marcelinho em todos os programas e por aí vai... O tempo passou, e, neste ano, quando vi vocês, levantando a bandeira do bom senso futebol clube, confesso que aquele mundo mágico, de repente, havia aparecido de volta. Imagine assistir aquele jogo incrível, no estádio e TV aberta, que eu via quando criança, agora com os olhos de adulto... Por que conforme vamos crescendo aprendemos a seguir nossos princípios. Quem me conhece sabe que sou guiado (e não abro mão) pela justiça e meus princípios, por exemplo: antes, eu que sempre assisti F1 aos domingos, a deixei de lado depois de ver Barrichello e Massa abrirem mão da vitória, daí então o automobilismo, ao menos pra mim, passou a perder o sentido, pois se as regras de jogo de equipe são maiores que as regras do esporte -- a vitória -- eu não posso, no caso, ser desrespeitoso comigo a ponto de perder mais o meu tempo assistindo o esporte. Seria como assistir a uma luta comprada. 

Bom, desculpe essa volta toda, mas quero falar, claro, sobre o rebaixamento da Portuguesa -- no lugar do Fluminense -- sem querer entrar nos detalhes, até mesmo porque todos os profissionais competentes já falaram a respeito, deixo aqui algumas perguntas que incomodam-me muito a ponto de deixar-me enfurecido:

Aos que falam em erro da Portuguesa na escolha do advogado, qual empregador não teria um pingo de confiança após nove anos de serviços prestados?

O jogador entrou no segundo tempo, jogou poucos minutos de um jogo onde o resultado para a Lusa não valia para nada e terminou 0 a 0.

Porque a Portuguesa faria isso?

É evidente que o jogador não teve influência alguma no resultado e é claro que não houve má-fé por parte da Lusa. Então porque pagar com a maior punição?

Nenhum lugar do mundo pune-se com três pontos de "multa". Para onde vão esses três pontos? Para a caixinha de natal do STJD?

No meu ponto de vista, o STJD está agindo apenas para favorecer o Fluminense. Eu como torcedor do Fluminense teria muita vergonha.

Assim,o futebol brasileiro, chega, para mim, a seu fim por falta de senso (para não falar outra coisa). Porque o futebol dentro de campo passou a não ter mais importância. O advogado passou a ter mais importância do que os jogadores a ponto de agir sobre interesse e mexer no resultado e tabela do campeonato. E se ninguém dos que estão acima podem mudar, já dizia uma velha frase (perdão por não citar o autor): "se você não pode mudar o mundo, mude-se". É isso.

Ah! Mas a esperança é a última que morre. Se há falta de bom senso, porque vocês não levantam essa bandeira? De repente fazer uma greve ameaçando não voltar a jogar enquanto o resultado do campo (já que os erros fora dele não teve interferência e nem má-fé) não prevalecer? Até mesmo porque se é bom senso, não há outra camisa a defender que não seja em prol de um melhor futebol para todos, para quem joga, para quem torce, para quem transmite, para quem patrocina. Ou seja, os zé's-ninguéns, que seguem restritamente seus princípios, de repente enxergam em vocês a última esperança para não ver o futebol brasileiro ter um final trágico. Seria no mínimo uma história com final triste a ser contada aos netos enquanto a bola estiver rolando no domingo à tarde.

Em tempo: Alguns clubes paulistas opinaram a favor do que é justo, mas não dá para cobrar deles (que têm suas camisas a defender) uma postura. 

Não quero ter exagerado, mas desculpe se o cometi. Busco apenas ser racional em um momento de emoção (de revolta e até nojo). É que o futebol vai muito além de um toque na bola. Faz tabelas com a arte, com o amor, os sonhos e a vida, mas infelizmente a bola (brasileira em especial) está caindo lá no córrego, onde não vale a pena pegá-la tamanha a sua sujeira.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Violência nos estádios

Antes de falar da violência nos estádios é preciso falar de fanatismo. Todos os fanáticos, independente da origem, estão perdidos no presente, não sabem o sentido da vida e, consequentemente, são capazes de fazer coisas impossíveis (do ponto de vista insano do ser-humano). O fanatismo extrapola o limite do ser-humano, ultrapassa a linha da vida.

Por inúmeros motivos, claros, o futebol deve ser o meio onde reúna o maior número de fanáticos, principalmente no Brasil onde o esporte está embutido diretamente no dia-a-dia da sociedade. 

Como consequência, temos a violência, já enraizada na sociedade, dando as mãos ao fanatismo. Imagina, você, um fanático-marginal. Claro, não é o ser-humano (uma vida!) que está do outro lado, mas o distintivo de uma camiseta. Isso por parte do torcedor. Por outro lado, há os clubes financiando esse tipo de torcedor, e quando se fala em financiar não é simplesmente o pagamento em si, mas qualquer privilégio dado. O presidente corinthiano, por exemplo, chegou a ovacionar os presos em Oruru (dedicou título do clube a eles), chegou até a dizer que o absurdo de eles estarem presos era maior do que a VIDA do garoto morto inocentemente. Quando soltos, o mesmo presidente comemorou o fato como um título (conforme nota emitida pelo clube). Dias depois, alguns dos presos estavam em brigas de torcidas. Ainda sobre o mesmo assunto, os jogadores corinthianos foram chamados de assassinos por torcedores são-paulinos, no Morumbi. E por aí vai. Enquanto o fanatismo, que por si só já extrapola limites, não tiver limites, vamos ficar lamentando vidas e mais vidas.

Daí, as autoridades, que deveriam no mínimo colocar ordem, agem de maneira inaceitável, como se não entendessem nada do que se passa. O garoto foi morto na Bolívia, o jogo continuou. A partida entre Atlético-PR e Vasco, no último domingo, foi paralisada para que socorrecem as vítimas e depois continuou como se nada tivesse acontecido. Depois prenderam algumas pessoas e os clubes e torcidas certamente serão punidas, mas, não é possível, sinceramente todas as ações buscam fazer "médias-políticas" pois é óbvio que estas não resolveram nada. Até os presos estarão soltos; como não há nenhum pagando pela morte do garoto Kevin Espada. Os torcedores corinthianos e vascainos brigaram em Brasília, os times foram punidos e nada resolveu. A briga de domingo mostra isso, alguns torcedores foram reconhecidos nas duas confusões. Como também proibir bandeiras, vetar campo, e etc. nunca vai atacar o problema em sua raiz. Na Inglaterra, a violência dos hooligans só foi resolvida após postura severa das autoridades.

Como a briga de domingo foi capa de jornais pelo mundo, a presidente Dilma teve que fazer sua média e falou até na criação de uma delegacia para torcedor. A principio o que parece meio sem nexo poderia ser o começo de posturas severas. Imagina, você, TODOS esses torcedores (muitos guiados pelo fanatismo e marginalidade) sendo levados a um presídio no meio-do-mato em um canto do país... além de ter que aprender a conviver entre inimigos (como se vêem hoje) serviria de lição aos demais.

Hoje, a Inglaterra é exemplo de campeonato, todos os estádios lotam e têm a presença de muitas famílias. Quando criança, os passeios mais mágicos da minha vida foram a estádios de futebol. É uma pena, mas hoje, de certa forma, a violência tem vencido a paz e o futebol.

O assunto é grave e deve ser tratado com toda seriedade, deve estar, inclusive, acima de qualquer interesse.