domingo, 23 de fevereiro de 2014

Ela

Ela, de Spike Jonze, é um filme genial. Consegue tocar em ficção e realidade. É futurista e atual. Traz também ao mesmo tempo verdades e fantasias.

Arrisco afirmar que todo o mundo quer e idealiza um amor -- não sei bem a ordem certa -- e naturalmente todos buscam "completar-se". Por outro lado, todos devem ter medo da solidão, de viver só. Essas são premissas enraizadas na sociedade, que as fazem viver em uma corrida. 

Corrida esta que se faz presente no primeiro ao último minuto do filme principalmente na vida tanto profissional quanto pessoal do talentosíssimo Joaquin Phoenix (Theodore). O diretor pega carona no veículo que o homem tem usado para participar dessa corrida: a tecnologia, que invade cada vez mais o homem a ponto de não conseguirmos enxergar mais o limite -- talvez o esteja realmente naquele proposto pelo diretor. "Ela" é um sistema operacional que auxilia o homem por completo, que fala tudo o que ele quer ouvir, o instiga, faz viver e entregar-se completamente ao presente. Que o faz vencer a solidão e, mais do que isso, a viver uma história de amor. 

Uma história de amor tão real -- aos olhos do Theodore e do espectador -- que remete, com exatidão, ao homem e seus relacionamentos. A vida e nossos relacionamentos, que refletem o que e como enxergamos. A satisfação interior. A necessidade da via de "mão dupla" e a esperança, que passamos a enxergar no próximo -- mais do que em nós mesmos -- além da chance de decepcionarmo-nos seja por se doar ou esperar o próximo em excesso ou falta. E por aí vai. Essa corrida pode ser feliz ou triste; verdadeira ou ilusória, depende, no fim das contas, de nós mesmos. Das nossas atitudes frente às oportunidades.

Enfim, é um filmaço!