domingo, 5 de janeiro de 2014

Cinema: Os 10 melhores de 2013

Dentre os últimos anos, certamente este foi o que menos assisti filmes. Culpo por isso a correria da rotina e os inúmeros compromissos. Por outro lado, foi o ano em que consegui matar a lombriga que eu tinha de participar da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

O fato é que, independente da quantidade de filmes, a cada ano o cinema tem feito mais parte (e mais sentido) à minha vida. Não gosto de dar notas a filmes, mas gosto de fazer uma lista dos melhores filmes que assisti a cada ano.

Na lista, estão os filmes lançados no Brasil em 2013, mas, para esse ano, faço questão de colocar uma exceção à regra -- um filme que ainda não foi lançado por aqui, mas o assisti na Mostra de Cinema de SP.

Antes de listá-los, lamento por não ter assistido Um Time Show de Bola e Blue Jasmine, dirigidos por Juan José Campanella e Woody Allen respectivamente. Isso por que costumo ser fiel a alguns diretores, seguindo todos os seus filmes.

Bom vamos ao que interessa:



10. Depois de Maio (Apres Mai), Oliver Assayas. França.
O filme está em Paris, em Maio de 1968, uma geração revolucionária vivendo  e se entregando à vida tudo ao mesmo tempo. A política, as maneiras de se pensar, a cultura, a liberdade sexual, a ousadia dos jovens, os sonhos e decepções. Enfim, tudo contado com precisão.


9. Tabu (Tabu), Miguel Gomes. Portugal.
Filme acertadamente contado em preto e branco. É a escravidão do passado trazida ao presente -- a escravidão perante o próximo e, ao mesmo tempo, conosco.





8. Las Acacias (Las Acacias), Pablo Giorgelli. Argentina.
Filmado com toda a simplicidade do mundo. É "apenas" o caminhoneiro dando carona a uma mulher e o seu filho de colo, em uma única viagem. Pouquíssimos diálogos, mas que dizem muito. O apenas, citado acima, está entre aspas porque resgatar o que está dentro de nós não é nada simplório, de forma alguma.


7. Azul é a Cor Mais Quente (La vie d' Adele), Abdellatif Kechiche. França.
É o cinema europeu em seu mais original estilo, onde nada é mascarado -- da Adèle comendo a sua macarronada ao sexo -- tudo sem pudor. Atuação impecável das atrizes, mas nada de falar que é um filme de lésbicas, seria minimizar demais a obra. Inclusive porque seria igualmente impactante se fosse entre um homem e mulher. Nunca disse isso a nenhum filme, mas gostaria de ver sua continuação.

6. Django Livre (Django Uncained), Quentin Tarantino. EUA.
É o Tarantino. É o herói e vilão de (quase) sempre, ambos pintando a tela de vermelho. O roteiro incrível, os diálogos inteligentes com pitadas de humor, a trilha sonora impecável... Afinal, para que mudar o que dá tão certo e tem tanta maestria?





5. O Mestre (The Master), Paul Thomas Anderson. EUA.
Filmado com tanta excelência que dá a impressão que ficará para sempre. O roteiro, o diálogo sufocante, a trilha sonora, a ousadia, o percurso... O bêbado perdido e o mestre, ambos sem rumos.




4. Antes da Meia Noite (Before Midnight), Richard Linklater. EUA, Grécia.
Antes de falar do filme é preciso falar da trilogia. Antes do Pôr do Sol - Antes do Amanhecer - Antes da Meia Noite. É a melhor trilogia que já vi, a mais perfeita. No primeiro, é o casal sonhando e vivendo tudo no presente; no segundo, o amadurecimento; e no terceiro, é trazido à tona, em um roteiro brilhante, os relacionamentos atuais, os seus pesos, culpas, rotinas e, acima de tudo, a vontade de vencer. É o melhor da trilogia. Fechou com chave de ouro. É para ver e rever e ver e rever, sempre.


3. O Som ao Redor, Kleber Mendonça Filho. Brasil.
Palmas para o cinema brasileiro. Filme universal, que fala das classes sociais do país, do passado e presente, do empregador e empregado, da gratidão e egoísmo. Do homem, de dentro pra fora e vice-versa. "Muita gente não ouviu porque não quis ouvir. Eles estão surdos".


2. Amor (Amour), Michael Haneke. França, Áustria.
O que seria do cinema sem o Amor? Nada é tão explorado na sétima arte do que o amor. Há inúmeros caminhos para contá-lo. Dos contos sonhadores à dor. E é exatamente através da dor que Michael Haneke escolhe contar o seu filme. Sem dó, sem glória, sem final feliz. Afinal de contas, o amor não é o fim,  mas, sim, o caminho. 
É filme daqueles que fazem -- como fez comigo -- sair da sala de cinema sem saber onde estamos pisando.




1. Cães Errantes (Stray Dogs), Tsai Ming-Liang. França, Taiwan.
Filme assistido na Mostra de Cinema de São Paulo.
O cinema é uma arte infinita. Capaz de nos levar a inúmeros lugares... mas Cães Errantes vai ao limite ao conseguir fazer com que viajemos em cenas estáticas de quase 10 minutos. Para, no final das contas, mostrar o homem vagando tal qual cães errantes. Até onde somos seres racionais, hein?
O filme levou-me a uma experiência única dentro de uma sala de cinema. Incrível.