domingo, 27 de outubro de 2013

Cães Errantes


Assistido na Mostra de SP de Cinema

A questão não é se o filme é ótimo ou péssimo, ou se é legal ou chato, ou o que o diretor é ou deixa de ser... A questão é: o que o filme é capaz de fazer!

Estamos diante da tela de cinema assistindo a cenas que chegam parecer intermináveis, algumas imóveis e com duração superior a 10 minutos. O diretor Tsai Ming-Liang pede para mastigarmos por trinta e seis vezes, no mínimo, cada detalhe e cena.

O ser humano vagueia pela vida, dia-após-dia, como cães perdidos. No filme tem o trabalhador que vive para segurar a placa de propaganda de um imóvel, faça chuva ou sol; o pai e as duas crianças que vivem para conseguir um trocado, comer e dormir. Na vida real, tem o mendigo que vive caminhando pedindo dinheiro. Mas qual a diferença deste para o empresário que vive dia e noite exclusivamente para o sucesso profissional? Além dos prazeres físicos e poder de consumo, o que o empresário terá de diferente comparado ao mendigo? Status? Ambos não estariam somente caminhando a esmo?

Ei, e você? Vive com um propósito que realmente valha a pena, ou está vagueando como um cão errante? Até quando o homem vai se limitar a segurar uma “placa” na mão enfrentando o sol e a chuva, vendo a vida passar, a troco de um pão ou que seja por um consumo qualquer?

O filme levou-me à viver a experiência mais louca e alucinante dentro de uma sala de cinema. Viajei como se estivesse sob o efeito de drogas.

O cinema é uma arte infinita. Pode fazer um filme, por exemplo, cheio de efeitos especiais para dar a oportunidade de o homem ir além, como pode, também, deixa-lo ir além através de cenas simples do dia a dia, imóveis, feitas por “qualquer um” e sem uma música sequer. Incrível.
 
 

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